O Agrupamento e a Comunidade
A Caracterização do Espaço Geográfico
A vila de Cercal do Alentejo situa-se no Litoral Alentejano, no Distrito de Setúbal, insere-se no Concelho e Comarca de Santiago do Cacém e pertence à Diocese de Beja. Localiza-se a 26 km de Sines, a 14 km de Vila Nova de Milfontes, a 27 km de Odemira, a 150 km de Setúbal e a 28 km da sede de Concelho, Santiago do Cacém, com ligação pela EN120. É a freguesia mais a sul do concelho. Vila tipicamente alentejana com centro histórico de grande interesse. Rodeada por muitas quintas de pequena dimensão (designadas por cercas), situa-se próximo da barragem de Campilhas e da quinta da Mandorelha, local de grande beleza natural. Nesta freguesia situa-se a serra da Guarita, onde existia uma mina de extração de ferro. É constituída pelos lugares de: Sonega, Catifarras, Pouca Farinha, Aldeia do Cano, Chaparral, Espadanal, Casas Novas e Silveiras. Estando situado a menos de 15 km das praias do Litoral Alentejano, possui um clima temperado, o que lhe permite ter uma das mais diversificadas faunas e floras de todo o Sudoeste Alentejano.
Caracterização Histórica
Para o nome Cercal existem três justificações: duas históricas e uma de origem popular. As justificações históricas mostram que a palavra Cercal deriva de “cercar”, derivando esta do latim “quercalu”, que significa carvalho. Tal designação deve-se possivelmente à abundância dessas árvores nesta região, em épocas remotas. Outra explicação é o facto de existirem, no século XIX, pequenas explorações agrícolas familiares, por vezes não atingindo sequer um hectare. Cercadas por valadas de canas, silveiras, aroeiras e piteiras que protegiam as culturas dos ventos marítimos, estas explorações denominavam-se “cercas”. A versão popular refere que, em tempos, se verificava a extração de cal na zona, facto que poderá estar na origem do nome da povoação. O povoamento desta área é muito antigo, como comprovam os objetos e vestígios da presença de povos pré-históricos, romanos e árabes (sepulturas em ardósia, escórias metálicas, …). Da ocupação romana do território existem muitas escórias que evidenciam exploração mineira, nomeadamente cobre e ferro. Na Idade Média e época da reconquista, o Cercal estava sob o domínio da Ordem de Santiago. A aldeia do Cercal, cuja primeira referência escrita data de 1274, constituiu-se como núcleo populacional de trabalhadores rurais, ao contrário do que é habitual o núcleo urbano primitivo não se desenvolve à volta da igreja, só mais tarde rodeada pelo povoado formado por edificações de caráter mais urbano e burguês.
Em 1836 foi criado o concelho de Cercal do Alentejo, extinto no ano de 1855, em que passou a pertencer como freguesia ao concelho de Odemira e em 1875, por decreto régio, passou para o concelho de Santiago do Cacém. Segundo o inquérito elaborado pelo Marquês de Pombal (memórias paroquianas), após o terramoto de 1755, a povoação dispunha de 240 fogos, com um total de 810 pessoas.
A população congregava-se em quatro irmandades, todas com assento na igreja matriz, da invocação de Nossa Senhora da Conceição, onde cada uma dispunha de um altar, à exceção do Santíssimo Sacramento: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e das Almas. Era nesta altura o Cercal do Alentejo rodeado de “vastíssimos montados de sobro e grandes lezírias” produzindo as suas terras “copiosa colheita de trigo”.
No século XIX, deu-se um desenvolvimento potenciado pela nova estrada de ligação a Santiago do Cacém, que Pinho Leal dá como aberta em 1870, e também pelo incremento na exploração mineira, de que aparecem os primeiros registos em 1874, referentes à descoberta de novos minérios como barita, manganês e manganite. A maior exploração foi contudo de ferro, havendo cinco minas nesta freguesia – cerro da Fonte, Santa de Cima, Toca do Mocho, serra da Mina, serra das Tulhas e serra de Rosalgar. As minas cessaram a sua atividade em 2000, lançando no desemprego os seus trabalhadores.
Foi em 1875 que a Freguesia de Cercal do Alentejo passou para o Concelho de Santiago do Cacém, situação que se mantém até à atualidade.
Em 1904, o Cercal tinha 666 fogos, com um total de 2774 habitantes, dispondo já de escolas de ambos os sexos, farmácia, médico e estação postal. Nas primeiras décadas do século XX instalou-se igualmente o posto do registo civil, telefone, agência bancária e automóveis de aluguer, embora as ruas não fossem pavimentadas. Exportava cortiça e fruta. Uma fábrica de moagem dava o seu contributo para o desenvolvimento da terra. Pelo Censos de 1920 o número de fogos aumentara para 861 e os moradores para 3885. É desta altura que data (1921) o abastecimento público de água, proveniente, tal como hoje, da fonte Santa. O núcleo histórico da vila do Cercal do Alentejo apresenta um traçado sinuoso formando vias de comunicação diretas às terras de cultivo, onde se foram implantando as construções em banda. Os quintais, tão importantes para guardar alfaias, animais ou para a horticultura, desenvolvem-se radialmente e são confluentes em pontos de encontro, como o entroncamento ou o largo. Em 1991, Cercal do Alentejo foi elevado à categoria de vila.
Caracterização Demográfica
Os dados do Censos 2011 disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística permitem-nos confirmar que a freguesia de Cercal do Alentejo tem vindo a perder população nas últimas décadas. De facto, a população residente na freguesia passou de 4177 em 1991, para 3882 em 2001, para 3362 em 2011 e para 2959 em 2021, o que corresponde a uma variação percentual de 12% entre 2011 e 2021 (-403 habitantes). Entre 1991 e 2021 o Cercal perdeu 1218 habitantes. Mais, os índices de envelhecimento e dependência dos jovens e idosos nos censos de 2011 são os seguintes: índice de envelhecimento: por cada 100 jovens existem 235 idosos; índice de dependência dos jovens: por cada 100 potencialmente ativos existem 17 jovens; índice de dependência dos idosos: por cada 100 potencialmente ativos existem 39 idosos; Assim, a população residente na freguesia não está só a diminuir: está também a ficar envelhecida.